![]() Rio de Janeiro
Ah meu Deus
O que foi que aconteceu? Pouco ou nada me lembro. Ou escondo para não sofrer. Fui criança E...? Amei o vento A chuva, a terra molhada. De tudo me lembro Mas quero esquecer. Hoje compreendo Que criança, não fui. As calças eram curtas Mas os pensamentos Mal cabiam na minha cabeça. Meus passos? Veloz como o vento! Não gosto do vento! Caminhos longos percorri. Às vezes à pé, Outras de bicileta. E algumas outras A cavalo. Tão criança E um cavalo comprei. Cuidava mais dele Do que de mim. Sela bonita, De um amigo comprei. Custou o preço De algumas galinhas Retiradas de meu pai. Eram muitas, Meu pai não saberia. Cresci e o mar encontrei. Mulheres? Muitas mulheres. Elas saiam da onda incessante Do mar. Quanta bobagem Na cabeça trazia. Cheia de Deus, do demônio Do vento e do pecado Ainda não sei Porque não gosto Do vento. Penso que ele também Não gosta de mim. Guardo na memória, E em papel da cor do tempo, Como um tesouro, Tudo o que se relaciona Com a minha vida. Porquê? Essa noite eu não dormi. Eu simplesmente morrera. À minha volta, Ou a volta do meu corpo, Formigas... Milhares de formigas Saiam solenemente de um buraco. Ali, deitado, o morto seria velado por formigas. Esqueceram de me dizer Que eu estava morto. Pouco importa, Morrera sem ter nascido. Mesmo morto, eu me dizia: A magia da poesia é encher A lua vazia, aproximar o tempo distante, Chorar nos ombros da alegria, Eternizar um mínimo instante! Roberto Gonçalves
Escritor RG
Enviado por RG em 07/11/2015
Alterado em 25/07/2016 Copyright © 2015. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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